Quando falamos em visão sistêmica estamos falando em algo que abrange todas as áreas da vida. É uma habilidade que consiste em tomar decisões assertivas considerando todo um conjunto de fatores envolvidos. Por isso, quando se fala em visão sistêmica no âmbito organizacional, ela vai além dos das pessoas e dos setores, inclui todos os stakeholders envolvidos com o sistema e sua comunidade. Ela é um caminho para profissionais que querem atingir resultados exponenciais. Para o desenvolvimento da visão sistêmica é ponto de partida analisarmos o nosso modelo mental, pois ele estará por trás de conseguirmos ou não desenvolver esta perspectiva. É bom destacar que os modelos mentais são representações internas usadas pelas pessoas para entender o mundo ao seu redor. São estruturas construídas a partir de experiências passadas e crenças pessoais que afetam a maneira como as pessoas interpretam, processam informações e tomam decisões.
Este estudo vem de longe. Foram os gregos os precursores a iniciarem as práticas científicas que dão base para o nosso modelo mental. Na Grécia, dois expoentes com visões diferentes: Demócrito que viveu entre 460 a 370 a.C. e Sócrates que viveu entre 470 a 399 a.C. Os dois tinham visões de mundo totalmente diferentes.
Demócrito era um filósofo materialista. Sua célebre frase: “Tudo o que existe no universo é fruto do acaso e da necessidade.” Ele acreditava que não existe uma alma humana imaterial que seja capaz de viver eternamente. Sócrates, por outro lado, era um filósofo idealista que defendia que o conhecimento era uma questão de razão e lógica, acreditava na existência de um mundo imaterial perfeito e um mundo material imperfeito.
A filosofia de Demócrito sérvio de inspiração para a crença filosófica que modelou a idade moderna tendo como expoentes, os descobrimentos de Isaac Newton, Descartes entre outros. Já a ciência da Idade Média foi moldada pela visão que se tinha da natureza, sendo esta influenciada pela natureza aristotélica, isso é, pela física e a metafisica de Aristóteles, que buscou integrar a razão e a fé cristã, tendo como alguns dos expoentes Santo Agostinho, entre outros.
A Ciência na Idade Moderna é marcada pela articulação do método de observação, experimentação e com o uso de instrumentos técnicos, como telescópio e o microscópio, o que proporcionou grande avanço na ciência, na medicina entre outros sendo base para a revolução industrial.
O desenvolvimento científico da idade contemporânea garantiu a continuidade da revolução industrial e do processo de consolidação do capitalismo. O início do século XX foi marcado pelas ideias de Einstein que revolucionaram a concepção de ciência e métodos científico. Neste cenário surge a figura do especialista que é aquele indivíduo que domina plenamente a teoria e os instrumentos de uma determinada área do saber. Este novo momento busca explicar o universo para além das leis fundamentais de Newton. A nova física é parte integrante da visão sistêmica da vida. É também uma visão ecológica vinculada a uma percepção espiritual. Conectividade, relacionamento e pertencimento constituem a essência da experiencia espiritual. Ou seja, a visão sistêmica significa uma mudança de percepção de objetos e estruturas materiais para processos e padrões de organização não materiais que representam a própria essência da vida.
O que vem a ser a visão sistêmica?
· Das partes para o todo;
· Dos objetos para os relacionamentos;
· Das hierarquias para as redes;
· Da causalidade linear para a circularidade;
· Da estrutura para o processo;
· Da metáfora mecânica para a metáfora do organismo vivo e outras não mecânicas;
· Do conhecimento objeto para o contextual e epistêmico;
· Da verdade par a descrições aproximadas;
· Da quantidade para a qualidade;
· Do controle para a cooperação, influenciação e ação não violenta.
Abordar este tema implica em aprofundar o entendimento de nossos modelos mentais e o que estamos imitando, copiando ou tendo como base para nossas tomas de decisão. Ampliar o olhar é o caminho para desenvolver a visão sistêmica da vida, a qual levamos para nosso ambiente de trabalho desenvolvendo praticas de melhor integração, engajamento e pertencimento, o que reverterá em melhores resultados nas diversas dimensões ( Biopsicosocial e espiritual).